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Quanto custa uma Logomarca, Logotipo e Identidade Visual?
Identidade Visual é a representação gráfica de uma empresa, instituição, produto ou ideia. Trata-se de ícones, símbolos ou tipos organizados de forma estética com um significado objetivo atribuído.
Mas e logomarca? Existe ou não existe?
Há uma discussão muito grande em torno dos termos logomarca, logotipo e identidade visual, dentro da área do design gráfico e publicidade. Diversos livros sobre publicidade definem logomarca como sendo uma coisa diferente de identidade visual, confundindo por diversas vezes a definição deste último com o de identidade corporativa.
Muitos sites e designers defendem o termo logomarca, ou o atacam, utilizando argumentos como origens etimológicas ou a popularização do nome. Mas é nítido que usar um termo errado pode complicar a comunicação com outros profissionais ou, simplesmente, torná-la menos prática.
Logomarca é uma dos diversos erros de interpretação de palavras estrangeiras como tantos outros que existem no português brasileiro. O termo foi usado como tradução livre da palavra inglesa logo mark. No inglês, a palavra mark é usada como sinal, notação, aceno, algo que aponta para algo visível, ou seja marcação. A marca, como usamos, no inglês é escrito como brand. Não é incomum termos palavras usadas de forma errada devido a traduções brasileiras. A palavra porta, por exemplo, como em porta UBS, é uma tradução errada de port, que significa porto (local de entrada e saída de items). Ou até de neologismos como customizar (do inglês custom) e randômico (do inglês random), que em português seria personalizar e aleatório respectivamente.
Em alguns livros de publicidade, entretanto, é fácil encontrar o termo logomarca e vários publicitários o utilizam normalmente. As definições mais comuns nesse meio diferenciam Logomarca de Identidade Visual afirmando que, o primeiro, trata-se da criação gráfica pura, sem conceito, enquanto que o segundo seria a logomarca vinculada a um conceito. Entretanto, como um designer pode desenvolver um projeto sem criar um conceito e um estudo? Seria no mínimo irresponsabilidade.
Em resumo, logomarca é uma tradução inapropriada do termo logomark que, por sua vez, foi originalmente usado para representar símbolos e marcações de empresas em diversos ambientes. O uso do termo logomarca pode ser usado sem problemas entre leigos, para facilitar a comunicação, mas deve ser desencorajado em ambientes profissionais.
Mas e quanto a logotipo?
O logotipo, assim como o símbolo, é uma parte da identidade visual, trata-se da parte referente a tipografia, não pura, mas a tipografia “estilizada”. O logotipo é a tipografia modificada e organizada para se comunicar com o conceito e o símbolo (quando houver). Algumas identidades visuais são compostas apenas de logotipo, como a Samsung, a Aiwa, dentre outras. As vezes a identidade visual é composta somente de símbolo, como a Apple e a Pepsi.
Mas afinal, quanto custa uma identidade visual?
O custo de uma identidade visual depende principalmente da responsabilidade acerca dela. Basicamente da quantidade de pessoas que irão apreciá-la, da quantidade de lugares que ela será exposta, diversificação de público, valor de mercado e sua importância para a venda do produto.
Sendo direto, o valor médio de uma identidade visual gira em torno de R$8.000,00 para pequenas empresas. Esses são os valores baseados em algumas tabelas verificadas como a ADG, Adegraf, Abap, dentre outras. Essas tabelas já foram poucos praticáveis e com valores bem mais altos, mas adaptações mais recentes trouxeram para uma realidade mais aceitável.
Para empresas de médio e grande porte, o valor vai depender muito da importância da marca em relação ao produto. Partindo de 10 mil à milhões de reais.
Por exemplo, uma marca que não é focada no consumidor final tende a ter uma responsabilidade menor que o oposto, possuindo assim um custo de produção menor.
O custo de um serviço como esse não deve estar atrelado ao tempo ou horas, mas sim à responsabilidade. O tempo que o designer leva para projetar ou tomar decisões não é proporcional ao seu estudo e conhecimento prévio, ao contrário. A tendência é que profissionais com mais experiência consigam tomar decisões mais rápidas, porém bem pensadas.
Por que esse valor supostamente tão alto?
Criar uma identidade visual não é algo simples. Todo o comportamento gráfico da empresa vai girar em torno dessa identidade. Todas as cores, tipografias, formas, campanhas publicitárias, etc. vão ser baseadas nas decisões tomadas pelo designer responsável por essa identidade visual.
Desde o site até o endo marketing, tudo vai girar em torno dos conceitos criados para essa identidade. Conceitos esses que vão perdurar por anos e serão determinantes para o sucesso da empresa.
Essas escolhas são pensadas a partir de estudos profundos sobre mercado, concorrência e público, seguindo o planejamento estratégico da empresa. Além disso, o designer precisa pensar na complexidade, relacionamento com outras marcas, tamanho mínimo e máximo, possibilidades de uso, acessibilidade, adequação, etc. E nem todo designer está apto a fazer qualquer identidade visual. Muitas formas de comunicação estão agregadas a estilos e compreensão aprofundada de um público e direcionamento específico. Por isso, estúdios de design consideram pessoas diferentes para nichos diferentes.
Apesar de alguns atropelos do jornalista, o mini-documentário Alexandre Wollner e a Formação do Design Moderno no Brasil, ajuda a entender melhor a importância do desenvolvimento do design de uma identidade visual (é um vídeo um pouco cansativo, mas muito instrutivo).
Valores das Gráficas Rápidas e Pseudo-Designers
Uma identidade visual definirá como a empresa será representada por anos. É uma compactação do conceito da identidade corporativa da empresa, é a imagem fixa de seus consumidores e apreciadores. Por isso, existem estudos, testes de comportamento, escolha de cores, medidas, formas e padrões baseados em antropologia e interpretações sociais. É necessário conhecer a empresa, pesquisar histórico, o comportamento dos consumidores atuais e dos quais se deseja atingir.
Mas não é isso o que acontece com gráficas rápidas e pseudo designers. Estes simplesmente abrem um “CorelDRAW” e começam a pegar pedaços de identidades visuais e “logomarcas” que encontram em sites de pesquisas, como o Google. Alguns usam imagens prontas de sites como o freepik, sob a justificativa de ser aberto para qualquer um usar. Com isso, montam algo não apropriado, sem estudo e conceito, igual a montar um quebra cabeças de vários jogos diferentes e ainda colar o encaixe das peças com cola branca.
Com isso, como não há um real trabalho sério e acabam por cobrar valores irrisórios como 120 ou no máximo 300 reais, mas que geralmente não tende a ser algo funcional.
Se fossem feito de forma séria, esses valores não conseguiriam nem mesmo suprir os custos de produção do designer.
Então empresas muito pequenas não podem ter identidades visuais?
Podem, claro. Mas primeiro vamos entender a necessidade de cada empresa.
Uma padaria pequena não necessariamente precisa ter uma identidade visual própria. Muitas nem mesmo tem fachada e apenas escrevem o nome “Padaria (…)” em seu topo. Alguns fazem apenas letreiros mais bonitinhos, onde o profissional é contratado para fazer um letreiro (e não a identidade visual) o que justificaria, nesse caso, usar imagens do freepik ou sites similares.
Todavia, chega a um momento na vida de um empresário em que ele realmente quer fazer algo que represente a marca dele. Na grande maioria das vezes, esses pequenos comerciantes buscam ajuda do Sebrae ou de consultorias que os auxiliam e buscam profissionais para fazer esse serviço.
É aí onde deve entrar o estudante ou o profissional ainda novato. E como estudante não me refiro a universitários apenas, mas àquela pessoa que se interessa em aprender. Refiro-me as pessoas que leem livros teóricos, que começam a estudar colorimetria, psicodinâmica, física, psicologia, filosofia do design, etc. e não simplesmente as pessoas que acompanham tutoriais na internet. Esses indivíduos precisam fazer seu portfólio e desenvolver trabalhos próprios, por isso não só podem como devem cobrar menos.
É muito provável que alguém inexperiente cometa alguns erros básicos, por isso que estão começando com negócios pequenos em que a responsabilidade não seja tão grande (mas ainda sim há). O importante é a ética e o comprometimento de tentar fazer o melhor que puder, sem roubar imagens prontas da internet e revender (o que é até ilegal).
Esses aspirantes podem cobrar valores de no mínimo R$1.200,00 reais e ir aumentando com o tempo. Vale lembrar que os custos de um profissional ou de um aluno são maiores do que parecem, e o tempo para o desenvolvimento de uma identidade visual séria gira em torno de um mês. Esse valor serve como uma base para iniciar no mercado.
Nomes como Paul Rand, Massimo Vignelli e o próprio Alexandre Wollner são exemplos clássicos de profissionais focados na criação de identidades visuais e responsáveis por diversos trabalhos importantes pelo mundo. Sendo estes referência para estudo e inspiração.
Concluindo
Criar uma identidade visual é um trabalho dispendioso e pode se estender por meses dependendo da importância do projeto. Não é o tipo de trabalho que pode ser feito em poucos dias ou em duas semanas. O contratante tem que estar ciente que é algo que vai muito além de gosto e a decisão do que haverá na identidade visual deverá ser do profissional capacitado. A opinião e decisão de formas, cores e padrões não podem partir de pessoas inexperientes, pois elas tendem a basear suas escolhas em gostos pessoais. Como um médico que faz um diagnóstico e passa os remédios corretos, o mesmo fará o designer, e a receita deve ser seguida à risca para um bom resultado.
Criar uma Identidade Visual é responsabilidade demais para uma Gráfica Rápida fazer ou um pseudo profissional. Além disso, o preço ridículo cobrado por esses engôdos faz com que os empresários não compreendam os reais custos de um profissional, além de sujar a imagem da categoria.
As empresas também precisam entender que a identidade visual é de uma importância incomensurável para a empresa. Um designer de verdade não está lá para agradar seus clientes diretamente, mas o cliente do seu cliente. A função social do designer é ajudar a melhorar os resultados de uma empresa ou artefato.