Editorial -

Conjecturas Sobre Inovação e Criatividade

Inovação e Criatividade. Quantas vezes vocês não escutam essas palavras hoje em dia? Geralmente em ofertas de emprego encontramos aquelas referências: “Precisa ser inovador, criativo e ter espírito de guerreiro”. A menos que você seja um índio nativo-americano, um espartano ou um viking, é difícil deixar evidente essas qualidades. As propostas de emprego são cheias desses diferenciais subjetivos. Isso acontece justamente porque as pessoas não compreendem o que é inovação e o que é criatividade.

Inovação

Quando as pessoas falam a palavra inovar, vem logo a cabeça “criar algo novo”, mas não necessariamente isso. Inovar pode ser renovar de forma a ser mais funcional, atrativa, agregando características e valores a algo que já existe. Além do uso indiscriminado da palavra, o principal problema são as pessoas que usam a palavra para se promover. Quem nunca viu uma palestra com o nome “Aprendendo a Inovar”, “Inovação para sua Empresa” ou algum livro que tenha inovação no nome?

Um dia, um amigo e eu fomos a uma palestra chamada “Inovação Estratégica para sua Empresa” ou alguma coisa parecida, em um ciclo de palestras do Núcleo Empresarial de Inovação do Ceará (NEI/CE). A primeira coisa que notei, assim que cheguei, foi a estrutura, igual a qualquer outra, e até mesmo a identidade dos impressos do evento. Mãos sobrepostas nos pôsteres, cadeiras em um auditório amadeirado, café expresso na entrada, pastinhas, pessoas dormindo, um cara apresentando falando mais devagar e chato do que um professor de ciências americano. Cadê a inovação? Como um evento sobre inovação consegue ser nada inovador?

Mãos formando a logo da Fiec sobre um evento de inovação

Ok. Então entrou o cara, com seus 30 e poucos anos, infelizmente não me lembro do nome dele. Confesso que geralmente fico meio assim assim quando o cara é novo, mas resolvi dar uma chance e deixei o meu preconceito de lado. Daí começou a discursar coisas óbvias – aliás, esses palestrantes ultimamente parecem políticos, só falam o que está ruim e não mostram soluções. Só que a palestra do cara parecia com a de quem estava no primeiro período de marketing. Começou com uma série de slides estáticos contando a vida dele. “Quando eu era um filhoooote (… Rei Leão)”. Okay, estou exagerando, mas ele começou a contar coisas da época pré faculdade e a falar como é bom nisso e naquilo, coisa que todo o palestrante CHATO faz. Mas mesmo apesar de palestrar há tantos anos, como ele disse, ele não parava de soltar uns “eeehhh”, “então…”, “aííí”, essas coisinhas de quem decorou e não lembrou do texto.

Resultado: pegamos no sono e quando nos demos conta disso, saímos, pegamos um cafezinho e fomos embora morrendo de fome, procurando um lugar para jantar.

Pense que palestra chata!

Não sei sobre as outras palestras do evento. Na verdade, nem me interessei. Mas não importa se você tem uma empresa séria ou é diretor de uma grande corporação, nenhuma empresa foi mais corporativa e formal quanto a IBM e mesmo assim aprendeu a inovar, renovando os seus conceitos para concorrer contra a Apple na década de 70. O fato de ser sério, não quer dizer que tem que ser chato. Uma coisa chata, maçante, onde várias pessoas dormiam, não vai trazer nada de inovador para a empresa dos espectadores. Para mostrar as pessoas como inovar é preciso ser inovador antes. Essa história de “espeto de pau” não funciona mais há tempos.

Charlie Chaplin olhando um PC da IBM

Criatividade

Procurando algumas ofertas de empregos, muitas dessas como freelancer, observei que muitas pessoas exigem, como diferencial, ser criativo, mas o que é exatamente ser criativo? Simplificando, criatividade é a capacidade de resolver problemáticas a partir do conhecimento que já possui, ou através da busca de novas informações. Ser criativo é saber resolver problemas de forma funcional.

Mas o que as pessoas interpretam como criatividade? As pessoas acham que ser criativo é ser imaginativo. Claro que precisa de imaginação para ser criativo, mas não o contrário. Existem muitas pessoas sonhadoras, mas poucas pessoas objetivas. Criatividade te leva a uma meta. Muitas pessoas me acham um cara duro, frio, chato, ranzinza. Talvez eu até seja uma versão pobre e pouco famosa do House, mas isso é porque não tenho sonhos. As pessoas me dizem que sonham em ter uma empresa, sonham em ser famosas e que eu preciso sonhar também. Mas não! Não preciso de sonhos, preciso de objetivos.

Xícara com asa redonda

Voltando às empresas. Dificilmente uma pessoa vai entender que ela é criativa. E por ser um termo tão subjetivo, vai ser complicado saber o que é criatividade para esse empregador. Criatividade é saber fazer desenhos bonitinhos? Criatividade é saber contar piadas? Criatividade é saber criar um algoritmo capaz de encontrar qualquer número primo em segundos?

Agora muitos vão dizer: “Você subestima a capacidade dos outros!”. Não, não subestimo. Uma coisa que aprendi é nunca subestimar a burrice e incompetência das pessoas. Na verdade, esse é um pensamento simples para fazer coisas mais simples ainda para o público. Coisas mais fáceis de manusear ou compreender, logo, mais funcionais. Lembrando que incompetência e burrice podem se aplicar a uma área do conhecimento pessoal e não a toda capacidade da pessoa, alguém pode ser burro e incompetente em algo, mas inteligente e esperto em outra coisa.

Concluindo

Se você está procurando alguém para trabalhar para (ou com) você, seja mais específico e menos subjetivo em suas buscas. Procure um profissional com experiência disso, nisso e naquilo. Todo bom profissional, sem exceção, deverá ser criativo, mas nem todo mundo precisa ser inovador.

Se você é um profissional que se sente ou se acha inovador, pense onde você está inovando e se você realmente está inovando. O que de novo ou diferente foi criado? E esse novo é realmente útil e interessante? Não adianta ser único ou “do contra”, é preciso ter um motivo e um objetivo para isso.

Quantos de vocês já conheceram uma empresa chamada inove, innove, inova, i9 ou similar?

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